33 golpes na conta de luz (fatura, atendimento e medidor) e como se proteger
Boletos e QR codes falsos, atendentes de WhatsApp que não existem, falsos técnicos e adulteração de medidores: veja a lista dos 33 golpes mais comuns ligados à conta de luz e como se proteger.

Pagar a conta de luz é uma tarefa de rotina, mas a rotina virou alvo de golpistas. Hoje é comum receber boletos adulterados, links para sites clonados ou mensagens ameaçando corte imediato.
Neste texto, listo 33 golpes que circulam no setor elétrico brasileiro. As fraudes foram divididas em três grupos:
- Golpes ligados à fatura e ao pagamento (18 golpes)
- Golpes de atendimento ou presenciais (4 golpes)
- Fraudes relacionadas ao medidor (11 golpes).
Todas as recomendações vêm de fontes oficiais: distribuidoras como Enel e Neoenergia, órgãos de defesa do consumidor como o Procon e agências reguladoras. Elas deixam claro que a melhor defesa é ficar atento, conferir sempre os dados e usar apenas canais oficiais.
Ao conhecer os nomes e as estratégias, você reconhece rapidamente quando algo está fora do normal. Lembre‑se de que a maioria dos golpes se repete com pequenas variações: mudam a desculpa, mas a intenção é sempre desviar o seu dinheiro ou sua energia.
Fraudes ligadas à fatura e formas de pagamento (18 golpes)
Esta categoria reúne golpes que interferem diretamente na sua fatura ou no ato de pagar a conta. Normalmente os golpistas adulteram boletos, QR codes ou criam canais falsos para desviar o dinheiro. Eis os 18 golpes mais comuns:
- Boleto falso (código de barras trocado) – boleto que parece verdadeiro, mas o código de barras direciona o pagamento a outra conta.
- QR Code Pix adulterado – QR code com destino fraudulento, colado sobre a fatura ou enviado por mensagem.
- Pix “Copia e Cola” adulterado – malware que altera a chave Pix copiada do boleto.
- Site clonado de 2ª via – páginas que imitam o site da empresa para emitir boletos falsos.
- App falso de distribuidora – aplicativo não oficial que promete fatura ou desconto.
- Perfil/“atendente” falso no WhatsApp – conta que se passa pela empresa para pedir dados ou pagamentos.
- Ligação/WhatsApp com ameaça de corte imediato – mensagem dizendo que a energia será cortada se não pagar imediatamente por Pix.
- “Descontão”/intermediário que “quita” via Pix – anúncio oferecendo pagar sua conta com grande desconto.
- Link de renegociação com chave Pix de terceiros – link para renegociar dívida que direciona o pagamento para um CPF estranho.
- Phishing por e-mail (links/anexos maliciosos) – e-mails falsos com anexo ou link para boleto adulterado.
- Smishing (SMS com link para 2ª via/desconto) – mensagem de texto com link malicioso.
- Vishing (central telefônica falsa) – ligação de falsa central pedindo senha ou dados bancários.
- Golpe do “cashback/indenização” em nome de Procon/ANEEL – mensagem dizendo que você tem direito a reembolso se pagar uma taxa.
- Golpe da “isenção/reembolso após apagão” – boato dizendo que todos receberão isenção depois de apagões ou aumentos.
- Falso formulário de cadastro/recadastro da Tarifa Social – formulário que coleta seus dados pessoais e bancários.
- Boleto emitido via anúncio patrocinado (URL enganosa) – anúncio no buscador que leva a um site fraudulento.
- “Atualize seus dados para evitar corte” (engenharia social) – e-mail pedindo atualização de cadastro para impedir suspensão da luz.
- QR de terceiros colado em murais/portarias para “facilitar pagamento” – código exposto em prédio ou condomínio sem relação com a empresa.
Embora os nomes sejam muitos, os sinais são parecidos. A Enel reforça que não negocia débitos via Pix e que os boletos oficiais apresentam o nome do cliente e o número de instalação. A Neoenergia lembra que o beneficiário e o CNPJ no aplicativo do banco devem ser os da distribuidora. Antes de pagar qualquer fatura, compare valor, vencimento e dados do destinatário com a fatura anterior. Não clique em links desconhecidos nem forneça informações pessoais pelo WhatsApp.
Checklist rápido antes de pagar
- Beneficiário e CNPJ corretos: o nome e o CNPJ na hora de pagar devem coincidir com os da distribuidora.
- Dados iguais aos da fatura anterior: compare endereço e número de instalação. Se algo mudar sem explicação, desconfie.
- Canais oficiais: use o site ou o aplicativo oficial e prefira o DDA (Débito Direto Autorizado) para receber o boleto direto pelo banco.
- Desconfie de links e QR codes aleatórios: não use QR colado em murais ou enviado em grupos; escaneie apenas o QR que aparece na sua fatura.
- Ofertas de desconto? Recuse: empresas não negociam dívidas via Pix ou WhatsApp, muito menos com 50% de desconto.
Fraudes de atendimento ou presenciais (4 golpes)
Alguns golpes envolvem pessoas se passando por funcionários ou representantes da distribuidora. Elas chegam a usar uniformes e crachás falsos, mas pedem dinheiro ou dados que não seriam solicitados. Os quatro golpes mais comuns são:
- Falso técnico cobrando “taxa de vistoria” ou “troca obrigatória” – a pessoa aparece dizendo que precisa trocar o medidor ou fazer uma vistoria paga. Os técnicos de verdade trabalham até o medidor, usam uniforme com logomarca, mostram crachá e não cobram dinheiro em espécie .
- Bypass/gato antes do medidor – desvio da fiação antes do medidor para não registrar o consumo.
- Programa social/isenção porta a porta (coleta de dados/pedidos de taxa) – pessoas batem na porta dizendo que vão cadastrar você na Tarifa Social ou em outro programa e pedem documentos ou taxa. A ANEEL e o Procon reforçam que cadastros oficiais são feitos nos canais da empresa; nenhum agente é enviado para recolher dinheiro em casa.
- Violação/rompimento de lacre – abrir a caixa e mexer nos fios rompendo o lacre do medidor. Somente representantes da empresa podem romper esse lacre.
Fique atento aos sinais de fraude
Se alguém se identificar como funcionário, peça o crachá e observe o uniforme. Verifique se há veículo da empresa e, em caso de dúvida, ligue para o número oficial (normalmente 116) antes de permitir a entrada. E lembre-se: colaboradores não pedem pagamento em dinheiro ou Pix na hora.
Fraudes relacionadas a medidores de energia (11 golpes)
Além de enganar no boleto, algumas pessoas tentam reduzir a conta fraudando a medição. Essas práticas são ilegais, consideradas furto ou estelionato, e colocam em risco a segurança de quem mora na casa e de vizinhos. Abaixo estão 11 fraudes comuns nos medidores:
- Bypass/gato antes do medidor – desvio da fiação antes do medidor para não registrar o consumo
- Conexão clandestina após o medidor – desvio após a medição, consumindo energia de um vizinho.
- Violação/rompimento de lacre – abrir a caixa e mexer nos fios rompendo o lacre do medidor. Somente representantes da empresa podem romper esse lacre.
- Magnetização/uso de ímãs para travar leitura – em medidores analógicos, ímãs são usados para desacelerar o disco.
- Lacre rompido ou ausência de lacre: se o lacre estiver danificado, chame a distribuidora .
- Clonagem de medidor/serial – usar o número de série de outro medidor para desviar consumo. 7.Consumo fora do padrão: queda ou aumento brusco do consumo sem motivo sugere irregularidade.
- “Economizadores milagrosos”/dispositivos fraudulentos – aparelhos vendidos como redutores de consumo que, na verdade, burlam a medição.
- Reversão de polaridade/manobras em medidores analógicos – inverter a conexão dos fios para diminuir a rotação do medidor.
- Interferência eletromagnética (jammers) – uso de dispositivos que interferem no campo magnético para alterar a leitura.
- Religação clandestina após corte – reconectar a energia após corte por falta de pagamento sem autorização, configurando furto .
Todas as práticas acima são proibidas. A Agems esclarece que ligação clandestina é considerada furto e que alterar o medidor é fraude, passível de multa e outras penalidades. O consumidor deve cuidar do medidor e não violar o lacre, pois a conservação do equipamento é sua responsabilidade. O lacre só pode ser rompido por representante autorizado. Além de ilegal, mexer no medidor é perigoso: curtos e choques podem causar incêndios.
Sinais de alerta no medidor
- Lacre rompido ou ausência de lacre: se o lacre estiver danificado, chame a distribuidora.
- Fios ou emendas estranhas: fios adicionais, remendos ou fita isolante podem indicar desvio.
- Consumo fora do padrão: queda ou aumento brusco do consumo sem motivo sugere irregularidade.
- Visor parado ou disco imóvel: se o visor digital não muda ou o disco analógico não gira com aparelhos ligados, algo pode estar errado.
- Religação não autorizada: religar a energia após corte é crime e deve ser feito apenas pela empresa.
O que fazer se cair no golpe ou desconfiar
Mesmo com atenção, é possível ser vítima de fraude. Se você pagou uma fatura falsa ou notou sinais de irregularidade no medidor, siga estes passos:
- Acione o botão de contestação do Pix – desde outubro de 2025, os bancos disponibilizam um botão nos aplicativos para contestar transações via Pix. Ele bloqueia o dinheiro na conta do recebedor e inicia uma análise que pode resultar em devolução em até onze dias. Esse recurso serve para golpes e fraudes, não para arrependimento de compra.
- Avise seu banco – ligue para o banco informando que pagou um boleto fraudulento. Eles podem ajudar a bloquear ou rastrear o valor. Quanto mais rápido você agir, maiores as chances de reverter a perda. Para se prevenir, confirme o nome e o CNPJ antes de pagar. Emita segunda via ou negocie apenas por canais oficiais. Evite clicar em links desconhecidos. Desconfie de descontos e cobranças urgentes . Peça crachá a supostos técnicos, verifique o uniforme e nunca pague taxas na hora. E jamais mexa no medidor; cuidar do lacre e avisar a distribuidora se notar irregularidades é obrigação e proteção.
- Registre boletim de ocorrência – faça um BO online ou presencial para formalizar a denúncia. Isso é importante para investigações e pode ser exigido pelo banco ou Procon. Se algo der errado, use o botão de contestação do Pix, avise o banco, comunique a distribuidora, registre boletim de ocorrência e procure o Procon . Guarde provas e anote protocolos; essas medidas aumentam as chances de recuperar o dinheiro e impedir novas fraudes.
- Solicite vistoria técnica – se o medidor ou a ligação parecer violada, não mexa. Ligue para a distribuidora para agendar uma vistoria. Somente técnicos autorizados podem abrir o medidor.
- Guarde comprovantes – salve o boleto ou QR code, os prints das mensagens e as fotos do medidor. Anote datas, horários e número de protocolos. Esses registros serão úteis para provar que você foi vítima de um golpe.
FAQ – perguntas rápidas do consumidor
Confira o nome e o CNPJ do beneficiário no app do banco. Se não for o da distribuidora, não pague. Compare também com a fatura anterior.
Não. Só emita 2ª via no site ou app oficial da distribuidora. Links enviados por mensagem podem levar a páginas clonadas.
Use o botão de contestação do Pix no app do banco e avise a distribuidora. Registre BO e guarde comprovantes.
Não. Funcionários não recebem dinheiro em espécie ou Pix na visita. Qualquer cobrança é feita por canais oficiais.
Lacre rompido é sinal de violação. Só a distribuidora pode retirar. Se notar isso, registre foto e informe imediatamente.
Não. Distribuidoras não oferecem descontos de 50% ou mais por Pix. Essas ofertas são fraudes comuns.
A distribuidora ou o governo nunca mandam agentes cobrar taxas em casa. Cadastros oficiais são feitos apenas pelos canais oficiais.
Não mexa. Fotografe, ligue para a distribuidora e peça vistoria oficial. Somente técnicos credenciados podem abrir o medidor.
Conclusão
Fraudes na conta de luz se multiplicaram com o uso de Pix, QR code e aplicativos de mensagens. Criminosos desviam dinheiro pela internet, se aproveitam de atendimentos presenciais e até mexem no medidor, cometendo furto e colocando todos em risco.
Espalhe essas informações para familiares, amigos e vizinhos. Quando todos sabem como os golpes funcionam, fica mais difícil que alguém caia. A melhor defesa ainda é a informação: ser atento e cuidadoso é o jeito mais seguro de manter sua energia acesa e seu bolso protegido.