Guia das tarifas de energia: como pagar menos na conta de luz
Entenda como funcionam as tarifas de energia do Grupo B (Convencional, Branca, Social, Rural e Pré-paga), quem pode aderir, prós e contras e como pedir a mudança.

Contas de luz que sobem e descem sem explicação? Muitas vezes o problema não é quanto você consome, mas como a sua energia é tarifada. Escolher a modalidade correta pode reduzir o preço médio do seu kWh e dar previsibilidade ao seu orçamento, sem trocar aparelhos nem mudar de endereço.
Este guia trata exclusivamente do Grupo B (residências, rurais e pequenos comércios). No Grupo B existem as 5 modalidades tarifárias:
- Tarifa Convencional: preço único
- Tarifa Branca: preço que varia conforme o horário
- Tarifa Social: descontos para baixa renda (indígenas/quilombolas são considerados dentro da Tarifa Social)
- Tarifa Rural: regras específicas para atividade produtiva rural (com horário reservado para irrigação/aquicultura)
- Pré-paga: você carrega créditos e acompanha o saldo no medidor/app
Aqui você vai identificar o que se aplica ao seu perfil, entender quando vale a pena e ver como pedir a mudança para pagar menos com mais previsibilidade.
Como usar este guia
- Encontre sua subclasse do Grupo B na matriz de modalidade tarifária na próxima seção.
- Verifique quais modalidades marcadas com ✅ são aplicáveis a você. As marcadas com ❌ são incompatíveis com seu subgrupo.
- Verifique minha recomendação na seção "Como escolher entre as tarifas elegíveis (guia rápido por subgrupo)"
Matriz de modalidade tarifária por subgrupo/subclasse
A matriz acima funciona como um mapa, mostrando quais modalidades tarifárias podem ser aplicadas a você
Para identificar quais tarifas você pode escolher, você deve entender qual subgrupo do grupo B você pertence
A ANEEL classifica os consumidores do Grupo B em subgrupos B1, B2, B3 e B4 (Não focaremos nesta última pois se refere a iluminação pública). Dentro do subgrupos B1 destrinchei a subclasse residencial baixa renda pois ela possui direito a Tarifa social. Abaixo você pode ver melhor a quem se refere cada linha da matriz.
- B1 – Residencial
- Subclasses: Residencial padrão e Residencial Baixa Renda
- Nesta última estão incluídas as famílias de baixa renda em geral, assim como indígenas e quilombolas.
- B2 – Atividades produtivas rurais.
- B3 – Demais classes como Comércio, serviços e indústrias em baixa tensão
- B4 – Iluminação Pública (Subgrupo não foco neste guia).
Classe/Subgrupo/Subclasse e Modalidade Tarifária aparecem no cabeçalho/quadros de identificação da UC na fatura. O rótulo exato varia por distribuidora.
Como escolher entre as tarifas elegíveis (guia rápido por subgrupo e subclasse)
O guia abaixo ilustra como você deve tomar a decisão para escolher a sua modalidade tarifária.
B1 Residencial
- Opções: Convencional ✅ | Tarifa Branca ✅
- Explicação: É o enquadramento mais comum. O consumidor pode permanecer na Convencional (um preço único por kWh) ou optar pela Branca, que varia por horário.
- Quando escolher Convencional: Se você consome bastante energia no horário de ponta definido pela sua distribuidora (em geral 3 h à noite, com 1 h de “intermediário” antes/depois; fins de semana e feriados nacionais ficam fora de ponta o dia todo), como chuveiro, ar-condicionado ou forno elétrico.
- Quando escolher Branca: Se tem flexibilidade para deslocar o consumo para madrugadas, manhãs, tardes e finais de semana (fora de ponta).
Para saber mais como funciona a Tarifa Branca veja o artigo Tarifa Branca: o que é, quem pode aderir e quando vale a pena (postos variam por distribuidora).
B1 Residencial baixa renda
- Opções: Convencional ✅ | Tarifa Social ✅
- Explicação: Se a família atende aos critérios de baixa renda (CadÚnico ou BPC), a distribuidora faz o enquadramento automático na Tarifa Social.
- Benefício:
- Até 80 kWh/mês gratuitos (100% de desconto nessa faixa). Acima de 80 kWh/mês não há desconto.
- Atenção:
- Não é compatível com Tarifa Branca.
- Válida apenas para classe B1 (residencial).
- Uma UC por família.
- Próximo passo: Verifique se o CadÚnico/BPC está atualizado. Caso não esteja, o benefício pode não ser aplicado automaticamente.
Entenda a fundo como funciona a tarifa social no artigo: Como funciona a Tarifa Social de Energia Elétrica e quanto você pode economizar.
Rural – atividade produtiva (B2)
- Opções: Convencional ✅ | Tarifa Branca ✅ | Rural ✅
- Explicação: A modalidade Rural reduz o custo da energia quando aplicável à atividade produtiva no campo (ex.: irrigação, resfriamento de leite, ordenha). Há benefício de “horário reservado” para irrigação/aquicultura.
- Escolha prática:
- Rural: vantajoso quando há uso contínuo em processos agropecuários.
- Branca: pode compensar se houver flexibilidade para deslocar consumo para fora da ponta.
- Convencional: permanece como padrão quando há consumo pesado na ponta.
Observação sobre consumidores com atividades produtivas rurais que são baixa renda: Se a família cumpre os critérios da Tarifa Social para a residência e tem atividade rural separada, ela pode combinar a Tarifa Social com Tarifa rural, porém deve manter Unidades Consumidoras distintas para aplicar corretamente cada regra.
Entenda a fundo como funciona a tarifa rural no artigo: Tarifa Rural: como funciona o desconto para irrigação e aquicultura.
Demais classes (B3)
- Opções: Convencional ✅ | Tarifa Branca ✅
- Explicação: Empresas e prestadores de serviço podem permanecer na Convencional ou optar pela Branca.
- Quando escolher Convencional: Se o consumo ocorre no horário comercial, próximo ao pico.
- Quando escolher Branca: Se grande parte do consumo ocorre em horários fora da ponta (ex.: operação fora do expediente comum).
Pré-paga (todas as classes B)
- Disponibilidade: Todas as classes B, se a distribuidora oferecer.
- Explicação: Funciona como celular pré-pago: você recarrega créditos e acompanha o saldo no medidor/app.
- Benefícios:
- Maior controle de gasto.
- Sem custo de disponibilidade (base regulatória setorial; ver registros no Portal da Câmara dos Deputados).
- Útil para casas de veraneio e consumo eventual.
- Atenção:
- Incompatível com Tarifa Branca. Quanto à GD, na prática não é cumulativa.
- O fornecimento é suspenso ao zerar créditos.
- Próximo passo: Consulte a distribuidora sobre oferta, canais de recarga e regras de adesão.
Entenda a fundo como funciona a pré-paga no artigo: Pré-paga: como funciona e quando vale a pena.
Resumo prático
- B1 Residencial → Convencional ou Branca.
- B1 Baixa Renda → Tarifa Social (prioridade quando elegível).
- B2 Rural produtivo → Rural (ou Branca, se houver flexibilidade).
- B3 Demais classes → Convencional ou Branca.
- Pré-paga → opcional onde houver oferta; não cumulativa com GD na prática; incompatível com Branca.
Detalhamento de cada modalidade tarifária
Tarifa Convencional
A modalidade Convencional é a forma mais simples de cobrança: um preço único por kWh consumido, sem variação por horário. É a tarifa que a maioria dos consumidores possui e funciona como padrão de enquadramento.
- O que é: Preço único por kWh, sem diferenciação por horário.
- Quem pode: Todas as unidades do Grupo B (é a modalidade padrão).
- Quando vale a pena: Quando o consumo é distribuído ao longo do dia ou quando a Branca não compensa.
- Riscos/Pegadinhas: Continua sujeito a bandeiras tarifárias e ao custo de disponibilidade mínimo.
- Como solicitar/consultar: É o padrão; sua fatura mostra a modalidade vigente.
- Onde aparece na fatura: Campo “Modalidade Tarifária e Subgrupo”.
Tarifa Branca
A Tarifa Branca é uma opção para quem consegue concentrar o consumo fora dos horários de maior demanda. A cobrança varia de acordo com o posto horário e pode gerar economia se usada de forma estratégica.
- O que é: Três preços conforme o posto horário (ponta, intermediário, fora de ponta). Postos variam por distribuidora; em geral a ponta tem 3 h à noite, com 1 h de “intermediário” antes e depois. Fins de semana e feriados nacionais são fora de ponta o dia todo.
- Quem pode: B1, B2 e B3; vedada para Baixa Renda (B1), Iluminação Pública (B4) e unidades no pré-pago.
- Vedações: Baixa Renda (B1); Iluminação Pública (B4); Pré-paga.
- Quando vale a pena: Quando mais de 60–70% do consumo cai em fora de ponta (estimativa típica; simule com o perfil da sua distribuidora).
- Quando vale a pena: Quando mais de 60–70% do consumo cai em fora de ponta (estimativa típica).
- Riscos/Pegadinhas: Se você consome muito na ponta/intermediário, pode pagar mais que na convencional; o custo de disponibilidade continua calculado pela tarifa convencional.
- Regras de bolso: A distribuidora atende a adesão em até 30 dias; você pode voltar para a convencional a qualquer tempo (em até 30 dias). Após o retorno, nova adesão só após 180 dias.
- Como solicitar/consultar: Canais da distribuidora (site/app/telefone/loja).
- Onde aparece na fatura: “Modalidade Tarifária: Branca”.
Tarifa Social (Baixa Renda)
A Tarifa Social é um benefício criado para garantir descontos na conta de luz das famílias de baixa renda, eletrodependentes e beneficiários de programas sociais. Desde julho de 2025, oferece gratuidade para os primeiros 80 kWh mensais.
- O que é: Política pública de descontos; desde 05/07/2025, 100% de desconto até 80 kWh/mês (faixa única).
- Quem pode: Família inscrita no CadÚnico, com renda mensal per capita menor ou igual a meio salário mínimo; beneficiários do BPC (idosos ou pessoas com deficiência); ou família com renda mensal de até três salários mínimos que tenha um eletrodependente (com laudo médico comprovando a necessidade do equipamento).
- Vedações: Não cumulativa com Tarifa Branca; uma UC por família; válida apenas para classe residencial B1.
- Quando vale a pena: Sempre que elegível.
- Riscos/Pegadinhas: Mantenha CadÚnico/BPC atualizados; endereço precisa bater com a área da distribuidora.
- Como solicitar/consultar: Se não veio automático, contate sua distribuidora.
- Onde aparece na fatura: “Subclasse: Residencial Baixa Renda”.
Tarifa Rural
A Tarifa rural modalidade Rural é voltada a atividades ligadas ao campo, como agropecuária, irrigação e aquicultura. Há benefícios especiais, como o “horário reservado”, que permite tarifas menores em 8 horas contínuas de uso por dia.
- O que é: Enquadramentos da classe rural (agropecuária, cooperativas, irrigação, aquicultura etc.). Para irrigação/aquicultura, existe benefício em horário reservado (8 h contínuas/dia) com redução de tarifas (janela tipicamente noturna garantida; ex.: 21h30–6h00, conforme distribuidora/procedimento tarifário).
- Quem pode: Unidades que se enquadrem nas subclasses rurais segundo a regulação (ex.: agropecuária, irrigação, aquicultura). Documentos podem ser exigidos (ex.: registro/declaração de produtor rural), conforme a distribuidora.
- Vedações: Não é Tarifa Social (B1); exige comprovação de atividade rural; Branca vedada se a unidade for baixa renda; Pré-paga é alternativa não cumulativa.
- Quando vale a pena: Atividades programáveis para o horário reservado (bombas/irrigação).
- Riscos/Pegadinhas: Comprove a atividade; mantenha a documentação atualizada junto à distribuidora.
- Como solicitar/consultar: Canais da distribuidora (ver página específica da sua).
- Onde aparece na fatura: “Classe/Subgrupo: B2 – Rural”.
Pré-paga (quando disponível)
A modalidade de Tarifa pré-paga permite comprar a energia antes do uso, com acompanhamento de saldo em tempo real, sem fatura mensal tradicional.
- O que é: Compra de créditos antecipados; crédito inicial 20 kWh (pago na 1ª recarga) e recarga mínima 5 kWh; tarifa igual à do pós-pago (a distribuidora pode dar desconto).
- Quem pode: Unidades do Grupo B nas áreas onde a distribuidora oferece a modalidade. Não é compatível com Tarifa Branca; com GD, na prática não é cumulativa — confirme com a distribuidora.
- Quando vale a pena: Para quem quer controle de gastos, evitar endividamento e para moradias sazonais.
- Riscos/Pegadinhas: Interrupção automática ao zerar créditos; atenção aos alertas de saldo (medidor/app). Débitos podem ser compensados na recarga (até 10% da recarga), a critério da distribuidora. Crédito de emergência ≥ 20 kWh, descontado na recarga seguinte.
- Como solicitar/consultar: Canais da distribuidora (site/app/telefone/loja) onde houver oferta; adesão opcional e gratuita; atendimento em até 30 dias para UC já existente.
- Onde aparece na fatura: Não há fatura convencional; você pode solicitar demonstrativo (créditos comprados, datas, valores e saldo). O saldo/consumo é acompanhado no medidor e/ou app/portal.
Exemplos práticos (após o fluxo de decisão)
Veja abaixo situações típicas de consumo e qual modalidade tende a ser mais adequada. São exemplos simplificados para ajudar na escolha e não substituem a simulação com seus horários reais.
Perfil / Situação | Modalidade indicada | Motivo principal | Ponto de atenção |
---|---|---|---|
Residência que concentra consumo em fins de semana e períodos fora da ponta | Branca | Maior parte do uso em fora de ponta, tarifa reduzida | Evitar usar chuveiro/AC em horário de ponta |
Apartamento com uso intenso em horário comercial (ex.: home office com AC e equipamentos) | Convencional | Consumo relevante em horários que podem coincidir com ponta/intermediário | Avaliar perfil real da distribuidora; bandeiras continuam |
Loja de bairro com pico noturno | Convencional | Pico coincide com horário de ponta | Antecipar atividades para reduzir custos |
Comércio que fecha antes das 17h | Branca | Operação termina antes do horário de ponta | Postos variam por distribuidora |
Rural (B2) com irrigação agendada das 22h às 6h (8h contínuas) | Rural/horário reservado | Benefício específico previsto para irrigação/aquicultura | Exige comprovação da atividade; regras locais |
Quem busca controle de gasto e a distribuidora oferece Pré-paga | Pré-paga | Compra antecipada e acompanhamento de saldo em tempo real | Incompatível com Branca; GD não cumulativa na prática |
Como solicitar mudança de modalidade
- Canais: solicite pelo site, aplicativo, telefone ou presencialmente em uma agência da distribuidora.
- Prazos típicos: a distribuidora tem até 30 dias corridos para efetivar a adesão à Tarifa Branca. O retorno à Convencional também ocorre em até 30 dias. Após o retorno, uma nova adesão só pode ser feita depois de 180 dias.
- Custos/adequações: a mudança pode exigir a troca por um medidor eletrônico compatível. A distribuidora deve fornecer, sem custo, o medidor mínimo necessário para faturar a Branca. Se o consumidor quiser recursos adicionais (ex.: leitura detalhada em tempo real), isso pode ter custo extra. Caso seja necessário adequar o padrão interno da instalação elétrica, essa despesa é de responsabilidade do cliente, conforme as normas técnicas da distribuidora.
Outros fatores que mudam o valor final (não são modalidades)
É importante deixar claro também que há outros fatores que podem impactar o preço da conta. Abaixo destacamos os demais componentes tarifários que são aplicáveis a todas as modalidades e à Geração Distribuída (GD).
Itens que impactam sua conta
- Bandeiras tarifárias: Sinalizam custos conjunturais de geração e entram como adicional na tarifa.
- Custo de disponibilidade: Valor mínimo mensal para quem está conectado (Grupo B): equivalente a 30 kWh (monofásico), 50 kWh (bifásico a 3 condutores) ou 100 kWh (trifásico). Para Baixa Renda, a regra foi ajustada para preservar a gratuidade até 80 kWh. Referência regulatória: REN 1.000/2021 e Lei 14.300/2022.
- CIP/COSIP e tributos: Cobrança municipal/estadual/federal na fatura (ex.: CIP, ICMS, PIS/COFINS).
Geração Distribuída (GD): não é modalidade, mas muda como você paga
- O que é: Ao instalar GD, sua unidade entra no SCEE: a energia que você injeta vira créditos para abater consumo futuro (Lei 14.300/2022; REN 1.000/1.059).
- Quanto abate: Depende do enquadramento (GD I, GD II ou GD III). As regras de transição definem quanto da TUSD continua sendo pago.
- Você ainda paga o mínimo: O custo de disponibilidade (30/50/100 kWh) continua. Só o que exceder esse mínimo entra na linha de compensação.
- Bandeiras: Não incidem sobre a energia compensada; incidem sobre o que é efetivamente faturado.
- Branca + GD: A compensação respeita os postos tarifários; usar crédito em posto diferente exige ajuste pela relação entre TEs (REN 1.000/2021 c/ REN 1.059/2023).
FAQ – perguntas rápidas do consumidor
Compare sua rotina de consumo com as opções. Se usa mais fora da ponta, a Branca pode ajudar. Se é baixa renda, a Social é a correta.
Não. Ela só compensa se pelo menos 60% do consumo ocorrer fora da ponta (estimativa típica). Se usar muito na ponta definida pela sua distribuidora (geralmente 3 h à noite, com 1 h de intermediário antes/depois), pode sair mais cara.
O desconto deve ser automático para quem está no CadÚnico ou recebe BPC. Se não aparecer na fatura, atualize o cadastro e contate a distribuidora.
O kWh custa o mesmo. A vantagem está no controle: você recarrega, evita multas por atraso e não paga custo de disponibilidade.
Residências rurais (B1) podem ter Tarifa Social. Já o produtor rural (B2) acessa os benefícios da Tarifa Rural; para ter Social (residência) e Rural (atividade), mantenha UCs/medidores distintos.
Sim. A solicitação pode ser feita em qualquer canal da distribuidora. O prazo para efetivar é de até 30 dias.
Classe/Subgrupo/Subclasse e Modalidade Tarifária aparecem no cabeçalho/quadros de identificação da UC; o rótulo exato varia por distribuidora.